Quinta-feira passada, 8 de março, foi o
último dia de Václav Klaus como presidente da República Tcheca. Depois de dez
anos no exercício da função, ele passou a responsabilidade de dirigir o país
para o sucessor Milos Zeman, eleito pelo voto popular. Fazendo um balanço da
vida pública de Klaus, encontramos pontos positivos como a reestruturação da
economia tcheca, destruída durante o regime comunista, e a condução da
separação da Tchecoslováquia em dois países independentes, a República Tcheca e
a Eslovaquia. Mas, no exercício da presidência, ele defendia posições pessoais
muitas vezes destoantes da posição do próprio governo. Klaus foi um crítico
rigoroso sobre a União Europeia, da qual a República Tcheca faz parte. Discordava publicamente do movimento mundial
contra o aquecimento global, classificando-o como exagerado. As duras críticas
ao seu falecido antecessor, Václav Havel, também não eram internacionalmente bem
recebidas e, muito menos, por grande parte da população tcheca, que venera
Havel como um grande presidente.
Mas, a atitude mais contestada foi um dos
seus últimos atos na presidência quando, em 2 de janeiro, ele concedeu anistia
a 17 mil presos, colocando-os em liberdade. Em datas especiais, diante de uma
doença ou de numa situação atípica, o presidente tem o direito de anistiar um
ou outro preso. Porém, nunca nenhum presidente anistiou uma quantidade tão
grande de criminosos comuns – ladrões, sonegadores e similares, regularmente
julgados e condenados por crimes comprovadamente cometidos. Alguns senadores e
juízes consideram esse ato como, no mínimo, irresponsável. Já outras autoridades
classificam essa anistia como um ato de traição à pátria. É lamentável que a
trajetória do ex-presidente Klaus tenha terminado dessa maneira tão
melancólica.