Todas as nações comemoram datas que marcam sua história. Com entusiasmo, alegria e fogos de artifício são lembradas conquistas, finais das guerras, fundação de estado independente e democrático, entre outras. Da mesma maneira, mas com tristeza, são lembradas mortes de mártires, ocupações pelos inimigos e guerras perdidas. Um desses tristes acontecimentos foi lembrado ontem pelos tchecos. O sonho da formação de um estado democrático pós-segunda Guerra Mundial foi sistematicamente minado pelo partido comunista tcheco, apoiado pelos soviéticos. Grandes indústrias, bancos e casas comerciais foram nacionalizados. Não muito tempo depois, foi a vez da nacionalização das indústrias menores. No final do processo, não sobraram nem os sapateiros particulares. Tudo passou a ser administrado pelo governo. O mesmo aconteceu com a agricultura. Toda a terra foi estatizada e os agricultores foram obrigados a se associarem às cooperativas agrícolas ou às fazendas estatais. O processo culminou em 21 de fevereiro de 1948, quando o primeiro ministro comunista Klement Gottwald provocou a queda do governo representativo das forças políticas da época e instalou novo governo formado por comunistas e seus aliados. Esse golpe recebeu apoio dos trabalhadores comunistas que, armados com fuzis, ovacionaram o discurso de Gottwald, proferido naquele gelado dia na Praça da Cidade Antiga, em Praga. Uma vez consolidado o poder total do Partido Comunista na Tchecoslováquia, foi instalada uma ditadura cruel e impiedosa que reinou por 40 anos. 21 de fevereiro não é uma data para comemorar, mas para lembrar um dos momentos mais tristes da história do povo tcheco.