Acaba de chegar ao
Brasil o mais famoso livro do escritor tcheco Jaroslav Hasek, cuja principal
figura é o Soldado Svejk. Seguindo os passos de grandes personagens da
literatura que deixaram pegadas em dicionários de diversas línguas, como é o
caso, em português, de quixotismo (de Dom Quixote) e bovarismo (de Emma Bovary) duas maneiras de
negar a realidade, a palavra “svejk”, segundo opinião da revista VEJA, seria
uma indicada pra também integrar o nosso vocabulário. Ela designa aqueles que,
parecendo simplórios e submissos, se especializam em driblar a ordem, ou
subvertê-la a partir de dentro.
O romance que a originou chama-se “As Aventuras
do Bom Soldado Svejk”. Jaroslav Hasek nasceu em 1883 e, apesar de ter vivido relativamente
pouco – morreu com apenas 39 anos –, tornou-se uma espécie de monumento
literário nacional – e também garantiu seu espaço no cânone universal. Como
pessoa, ele era constitucionalmente alérgico a qualquer estrutura de poder.
Como temperamento, era um encrenqueiro, hóspede constante de delegacias de
polícia. E por filosofia, era um anarquista ou até mesmo um cínico à moda de
antigamente. O livro dele sobre o soldado Svejk é uma espécie de crítica geral às
instituições. Muitos críticos encontram surpreendente afinidade entre Hasek e o
concidadão Franz Kafka. O hiper-refinado Kafka e o desbocado Hasek teriam,
ambos, atinado com uma mesma imagem: o mundo como uma gigantesca organização
hierárquica regida pelo absurdo.