Acaba de chegar ao
Brasil o mais famoso livro do escritor tcheco Jaroslav Hasek, cuja principal
figura é o Soldado Svejk. Seguindo os passos de grandes personagens da
literatura que deixaram pegadas em dicionários de diversas línguas, como é o
caso, em português, de quixotismo (de Dom Quixote) e bovarismo (de Emma Bovary) duas maneiras de
negar a realidade, a palavra “svejk”, segundo opinião da revista VEJA, seria
uma indicada pra também integrar o nosso vocabulário. Ela designa aqueles que,
parecendo simplórios e submissos, se especializam em driblar a ordem, ou
subvertê-la a partir de dentro.
O romance que a originou chama-se “As Aventuras
do Bom Soldado Svejk”. Jaroslav Hasek nasceu em 1883 e, apesar de ter vivido relativamente
pouco – morreu com apenas 39 anos –, tornou-se uma espécie de monumento
literário nacional – e também garantiu seu espaço no cânone universal. Como
pessoa, ele era constitucionalmente alérgico a qualquer estrutura de poder.
Como temperamento, era um encrenqueiro, hóspede constante de delegacias de
polícia. E por filosofia, era um anarquista ou até mesmo um cínico à moda de
antigamente. O livro dele sobre o soldado Svejk é uma espécie de crítica geral às
instituições. Muitos críticos encontram surpreendente afinidade entre Hasek e o
concidadão Franz Kafka. O hiper-refinado Kafka e o desbocado Hasek teriam,
ambos, atinado com uma mesma imagem: o mundo como uma gigantesca organização
hierárquica regida pelo absurdo.
O dia 21 de Agosto
traz triste lembrança para o povo tcheco. É que em 1968, 46 anos atrás, as
tropas da União Soviética e do Pacto de Varsóvia, compostas por tanques e
centenas de milhares de soldados, invadiram a antiga Tchecoslováquia. Os
invasores ocuparam o país, prenderam os governantes e instalaram um governo
submisso ao comando de Breznev, matando o sonho do socialismo humanitário
imaginado pelo então líder tcheco, Alexander Dubcek, que, cheio de entusiasmo,
patriotismo e esperanças, estava no poder havia apenas sete meses. A concepção
socialista do dirigente soviético Leonid Breznev era bem diferente e muito
menos democrática. De socialismo só ostentava o nome. Na prática, era uma cruel
ditadura. A experiência tcheca foi esmagada por ser considerada perigosa,
segundo a opinião dominadora dos soviéticos. Demorou 22 anos para que o país
reconquistasse a soberania e com isso a independência política, que só ocorreu
depois da queda do muro de Berlim.
A República Tcheca
não se limita à capital, Praga. Existem outros pontos interessantíssimos para os
turistas. A cidade de Karlovy Vary, por exemplo, famosa pelas várias fontes de
águas termais de efeito medicinal e de importante festival internacional de
cinema, sem dúvida, também merece a ser visitada. Plzen, além de mundialmente
conhecida como sede da fábrica de cerveja Pilsen, é um grande centro cultural
com teatro de ópera, catedral histórica e prédios antigos. Na programação da
cidade para o ano 2015 constam mais de 50 eventos culturais de grande porte e
600 outras atividades, entre elas, exposições de artistas nacionais e
internacionais. Mais atrações serão as comemorações de 70 anos do fim da
Segunda Guerra Mundial que, além de discursos e fogos de artifício, reunirão
colecionadores das armas, uniformes e veículos usados na guerra. Turistas do
mundo todo já estão se mobilizando para visitar o país e acompanhar os eventos.
Há poucos dias,
cientistas da primeira Faculdade de Medicina da Universidade de Carlos,
em Praga, liderados pelo professor Karel Smetana, patentearam novo tratamento contra câncer de cabeça e de
pescoço. Atualmente, este tipo de doença exige procedimento cirúrgico que
extrai partes do rosto e do pescoço. O tratamento proposto pelos cientistas
tchecos ainda precisa ser testado e vai demorar alguns anos para ser aplicado
corriqueiramente, mas a teoria já existe
e os futuros doentes terão uma esperança a mais.
Uma das paixões dos tchecos é reviver o passado. Eles
reconstroem castelos antigos, usam armas e trajes históricos, imitam grandes
batalhas, entre outros. A parte
artística também é relembrada. O modo usado no passado para fabricação de
objetos de vidro como taças, vasos, pratos decorativos, ainda desperta
interesse de muitos saudosistas.
Anualmente, no começo de agosto, na pequena vila de Destna situada nas
montanhas Orlické Hory, artesãos aquecem com carvão um forno restaurado e
mostram como se produziam derivados de vidro muitos anos atrás. O público que
prestigia o evento pode adquirir em leilão os objetos fabricados durante o
evento. A produção de vidros e cristais, que tanta gloria deu aos artesões
tchecos no passado, tem tradição de mais de 400 anos. Naturalmente a tecnologia
já mudou e os fornos não são mais aquecidos com madeira.
Hoje, utiliza-se carvão e gás, cuja temperatura atinge mais de
1.000 graus centígrados. Independentemente de como são produzidos, objetos com
a marca Cristal Boêmia, da República Tcheca, são apreciados no mundo inteiro e
encantam os turistas que visitam o belo país.
Na Europa, na
estação mais quente do ano, diversos passeios ganham vida mais longa. É o caso dos
passeios nas cidades rochosas, na região de Adrspascko-teplické, na República
Tcheca. Uma das várias atrações do local é o Paraíso da Boêmia, o único parque
geológico do país tombado pela Unesco. Lá, é possível conhecer as ruínas do
castelo de Trostky, com corredores inexplorados e letreiros misteriosos, uma
atração para os visitantes, ou a região de Prachovské skály, com as mais longas
grutas de dolomita, que abrigam lagos subterrâneos de água azul esverdeada. O
parque conta com trilhas para turistas experientes, mas há também várias
trilhas mais fáceis, ideais para famílias com carrinhos de bebê ou pessoas com
deficiência física. Os apaixonados pelas experiências radicais apreciarão a
oportunidade de experimentar as trilhas para scooters (também conhecidos como
patinetes) e segway, um diciclo de duas rodas, lado a lado, iguais aos usados em
shoppings)
Na República Tcheca são cultivados vários tipos pepinos,
diferentes do que conhecemos, com muitos modos de preparo. A cidade que concentra as plantações de
pepino é Znojmo, situada no sul da Morávia, O pepino produzido lá leva o nome
da cidade. É o “pepino de Znojmo”, conhecido no país todo. No final da semana
passada realizou-se, pela sexta vez na cidade o Festival de Pepinos. Houve exposições
e, principalmente, degustação de pratos e
sucos, cujo principal ingrediente era, naturalmente, o pepino.