As comemorações pelos
700 anos de nascimento do rei tcheco Carlos IV se estenderão pelo ano todo.
Exposições, palestras, filmes, visitas de reis europeus e autoridades culturais
estrangeiras relembrarão os feitos desse extraordinário monarca. Intelectual
que falava cinco línguas, escrevia livros, Carlos IV era um hábil diplomata que
conseguiu costurar alianças internacionais, fortalecendo assim sua posição. Fez
acordos com a Igreja Católica, fundou várias igrejas, mosteiros e conventos e
conseguiu elevar o bispado de Praga para arqui-bispado. Para não ter surpresas
desagradáveis, colocou um amigo para administrar o novo arqui-bispado, reintroduziu
a inquisição e transformou a igreja em sua aliada. Numa disputa papal apoiou
Urbano V e até promoveu a volta dele da cidade Avignon, na França, para a Roma.
Carlos IV era muito religioso e tinha o costume de meditar por dias, sozinho,
envolvido em orações.
Para ninguém perturbá-lo, ele se retirava ao castelo
Karlstein, onde rezava numa pequena capela. Quem mais atrapalhava a sua
concentração eram as mulheres e por isso ele proibiu a entrada delas no castelo.
Mas a rainha, desconfiada desse retiro, disfarçou-se
de um serviçal homem e conseguiu entrar no castelo. Lá ela encontrou o marido
rezando e nenhuma mulher presente. Arrependida, pediu desculpa ao rei que a perdoou
da pena de morte, que era o castigo para quem desrespeitasse essa regra da
clausura masculina e, juntos, voltaram para o palácio real, em Praga, onde viveram
felizes por muito tempo.