Não se faz mais natal como os de antigamente. Cartões postais mostrando lagos congelados e florestas cobertas com neve que cai sem parar é coisa do passado. Este ano, o natal na República Tcheca teve temperatura acima de 15 graus positivos, batendo recordes de décadas de medição. O trenó do papai Noel, só escorregou na lama.
Em 2012 foi lançado no Brasil o livro Inverno de Praga, escrito por Madeleine Albright, conhecida mundialmente como representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas e, posteriormente, como a toda poderosa secretária de estado no governo Clinton. Menos conhecido é o fato de que esta brilhante mulher é tcheca de origem e que, ainda criança, foi obrigada por circunstâncias políticas, a emigrar para os Estados Unidos. Emigrações sempre existiram e, em tempos de guerras, tornam-se mais numerosas. Muitos emigrantes aceitos pelo novo país, esquecem a pátria natal, as tradições familiares e, às vezes, até a língua materna. Não é o caso de Madeleine. Ela nunca renunciou às origens e, em 1989 quando a então Tchecoslováquia, num movimento chamado Revolução de Veludo, se livrou da opressão comunista e abriu as fronteiras ao mundo, ela começou a pesquisar profundamente a história da família. Entre outras informações surpreendentes, Madeleine descobriu que os antepassados eram judeus e que parte significativa deles foi exterminada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Madeleine se concentrou no período de 1937-1948, narrando fatos históricos mesclados com lembranças pessoais. Seu pai, Josef Korbel, foi um importante diplomata tcheco no governo de antes e depois da guerra mundial. Como tal, teve acesso às mais altas autoridades tchecas e internacionais e suas anotações, encontradas pela filha, enriqueceram a narração desse período tão conturbado do povo tcheco e, por tabela, da família da futura secretaria de estado americano. A autora enaltece o heroísmo das pessoas que optaram pela resistência ariscando a própria vida, enquanto outras preferiram colaborar com ocupantes, garantindo assim vantagens pessoais. Hoje, conclui a autora: “nós não temos o poder de resgatar vidas perdidas de milhões de inocentes que não sobreviveram, mas nós temos o dever de aprender tudo o que podemos sobre o que aconteceu e impedir que o pior dessa história volte a ocorrer”.
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