No ano passado o
povo tcheco relembrou os 600 anos da morte trágica, ocorrida em 1414, do padre
tcheco Jan Hus, o primeiro grande reformador religioso tcheco. Hus antecipou as
idéias de Martino Lutero, que, somente em 1517, cem anos depois, publicou os 95
argumentos contra o comportamento da Igreja Católica. Hus condenava a venda de
perdões de pecados, de cargos eclesiásticos e defendia a Bíblia como o único
sustentáculo da fé, em oposição aos editos e encíclicas dos papas. Os três fundamentos nos quais se baseava para as pregações eram a graça, a fé e a Bíblia. Seus sermões na Capela
de Belém, em Praga, eram procurados e assistidos por pobres, ricos e nobres.
E
assim, os ensinamentos do padre se espalhavam por todo o território tcheco,
fato que incomodou a direção da Igreja Católica. Acusado de heresia, foi
condenado a morrer queimado na fogueira, e no dia 6 de julho de 1415, na cidade
de Constança, foi imolado vivo. Sua morte provocou um levante no reino tcheco e
resultou na instalação do primeiro estado protestante na Europa que prevaleceu
por cerca de 200 anos até 1620 quando, numa batalha na Montanha Branca,
situada
perto de Praga, as tropas protestantes tchecas foram derrotadas pelo exercício
católico, liderado pelo imperador Austríaco, que incorporou o Reino Tcheco e
proibiu a fé protestante. Além do principal mentor da reforma protestante, o
padre Hus foi professor universitário, tradutor da Bíblia para a língua tcheca
e principal intelectual da época. Para o povo tcheco ele é o símbolo da
cidadania tcheca.
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